Seguindo minhas reflexões do último texto, tenho notado em minhas aulas que o número de alunos que faz anotações à mão diminuiu muito desde que comecei em 2017. Não só isso: uma parte dos alunos parece não anotar nada, confiando basicamente em sua própria memória e no material de aula.

Para mim anotar, especialmente à mão, faz parte do meu processo de aprendizagem. Escrever me ajuda a organizar os pensamentos e, com isso, relacionar temas e solidificar a memória. Também me ajuda a focar: escrever é um ato que mistura uma ação mecânica (desenhar as letras e/ou digitar) com uma ação intelectual (pensar no que estou fazendo). Acaba sobrando pouco espaço para distrações quando escrevo.

Nem sempre anotar à mão é prático e vejo que muitos alunos ignoram a existência do papel e caneta. Porém, temos diversas ferramentas digitais úteis! Apps como Mural, Canva e Excalidraw permitem criar diagramas e organizar pensamentos da mesma forma que desenhar/escrever no papel. Acho muito bons os murais que o Rafael Corsi monta para organizar os experimentos/papers que faz.

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Além disso, nas salas no Insper temos lousas nas paredes inteiras e algumas portáteis que podemos usar para rascunhar e pensar em grupo. Opções não faltam, mas parece que a ideia de ter anotações e usá-las para raciocinar simplesmente sumiu da educação que os alunos receberam antes de entrar na faculdade.

Encucado com isso fui pesquisar o que a ciência diz disso e encontrei artigoes interessantes. Uma busca no Google Scholar por “science text comprehension” traz diversos estudos sobre como aprender com textos acadêmicos expositivos. E vários citam estratégias bem “tradicionais”: desenhar, imaginar o conteúdo do texto, sumarizar e explicar o texto para si mesmo. O que me marca é que é necessário intenção e ação para aprender de um texto, e que isso é uma habilidade treinável e não um traço inerente a alguns estudantes.

Por enquanto vou parar por aqui, mas penso em pesquisar um pouco mais sobre isso e quem sabe adicionar links e recursos sobre como ler e aprender melhor. Assim como o anterior, esse texto não tem muito fim. Quando eu conseguir organizar melhor as informações que pesquisei sobre compreensão de textos devo continuar a escrever sobre esse assunto.